Contaminação

8.2.18
Em boa verdade não sou assim tão boa a mudar de vida. A mudar de casa, de país, de cidade e de rotinas sim, mas isso é mais acrescentar do que mudar, acho eu.

Podia era estar sempre como estou agora, com o Jaime em casa grande parte dos dias, os dois sentados frente a frente, cada qual no seu computador. "Já viste que o Álvaro Lapa vai estar em Serralves"?- pergunta ele. "A sério, quando?"- pergunto eu e depois mandamos sms à Bea e depois segue cada qual com os seus afazeres, não sem antes ir buscar o catálogo de uma outra exposição, a do Alvess, que vimos nesse museu, em 2008, e que nos pareceu espectacular.
E a vida parece perfeita até a rádio passar a música errada, ou o Jaime espirrar. Além de fotofobia, parece que sofro de misofonia.

Quanto aos afazeres dele não sei, os meus ficaram adiados mais um pouco, porque a seguir lembrei-me da exposição "Em viagem 70-76" de Robert Rauschenberg, que vi em 2007 e sei a data de cor, porque nesse ano fiz algumas reportagens giras no Museu de Serralves e porque logo a seguir a ter visto Rauschenberg no Porto encontrei-o em Nápoles, no Museu de Capodimonte. Não sei se foi esta coincidência, ou se a exposição em Itália era mesmo espectacular, sei é que nunca mais me esqueci daquele "Parsons Live Plants Ammonia", entre as cenas de consumismo do século XVII de Joachim Beuckelaer.

Eu fui à procura das obras no google, porque não me lembro se tirei fotos, provavelmente não era permitido, e eu sou muito bem mandada nos museus, mas mesmo que tenha tirado perdi-as.
A pesquisa não foi tão fácil como pode parecer, e foi muito mais demorada do que seria desejável, mas ajudou-me a perceber uma coisa. A contaminação que a curadoria desta exposição procurou é a mesma que quero para a minha vida. E isto não é assim tão filosófico-artístico como parece.
É só a constatação óbvia de que é tão melhor quando as pessoas têm tempo. Para estar, conversar, trocar ideias. Para se contaminarem umas às outras.

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